GOLPES DE ESTADO MIDIÁTICOS NA AMÉRICA LATINA: OS CASOS DE HONDURAS, PARAGUAI E BRASIL

Autores

  • Marcos Maurício Alves da Silva ESPM-SP
  • Luisa Orselli Vidal PUC-SP
  • Guy Pinto de Almeida Jr ESPM-SP

Resumo

Nos últimos anos, vêm acontecendo na América Latina golpes pseudolegais contra presidentes democraticamente eleitos. Michael Löwy (2016) afirma que a prática do golpe de Estado parecer legal é a nova estratégia das oligarquias latino-americanas. Golpes que, segundo o autor, foram testados em Honduras e no Paraguai e, em 2016, orquestrado no Brasil. Em 2009, o presidente hondurenho Manuel Zelaya é retirado do cargo com o apoio da Corte Suprema do país e do Exército local. Em 2012, algo semelhante acontece no Paraguai, com o Legislativo paraguaio depondo o presidente Fernando Lugo. Em 2016, no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff também foi retirada do cargo depois de um processo de impeachment pelo congresso. Em todos os casos citados percebem-se semelhanças diversas e uma delas é a que será analisada neste trabalho. Procuramos mostrar como parte da mídia mais tradicional dos três países (Honduras, Paraguai e Brasil) trata os diferentes casos de impedimentos dos presidentes mencionados. Procuramos ver regularidades (Foucault, 2008) que possam nos levar a perceber como foi construída discursivamente a impossibilidade de governabilidade pelos presidentes impedidos. Assim sendo a mídia passa a ter um papel fundamental na construção do acontecimento. Segundo Guilhaumou e Maldidier (1986) o acontecimento discursivo não se confunde nem com a notícia, nem com o fato designado pelo poder, nem mesmo com o acontecimento construído pelo historiador. Segundo os autores o acontecimento é apreendido na consistência de enunciados que se entrecruzam em determinado momento. Já para Charaudeau (2009) o acontecimento é definido, ora como todo fenômeno que se produz no mundo, ora de maneira restrita como todo fato que está fora da ordem natural. Assim sendo, ora se defende a ideia de que o acontecimento é um dado da natureza, ora que ele é provocado. Aqui mostramos os editoriais dos jornais selecionados como constructo do acontecimento e os analisamos de maneira a encontrar regularidades com o intuito de perceber, nas vozes selecionadas pelos editoriais posicionamentos, sentidos e efeitos de discurso (ORLANDI, 2007), que nos mostram como os golpes pseudolegais são validados por parte da grande mídia dos países estudados. Como metodologia selecionamos para a análise, de cada um dos países, dois dos principais jornais, a saber: Honduras (El Heraldo e El Tiempo); Paraguai (ABC Color e Última Hora) e Brasil (Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo) e de cada um deles o Editorial do dia da deposição ou o dia subsequente. Dessa forma, podemos analisar o posicionamento dos jornais com relação ao tema e perceber se há regularidades discursivas, temáticas e semânticas na maneira como essa grande mídia se posiciona com relação ao acontecimento estudado.

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Publicado

04/06/2022

Como Citar

Alves da Silva , M. M. ., Orselli Vidal, L. ., & Pinto de Almeida Jr, G. . (2022). GOLPES DE ESTADO MIDIÁTICOS NA AMÉRICA LATINA: OS CASOS DE HONDURAS, PARAGUAI E BRASIL. Entropia, 2(3), 104–118. Recuperado de https://entropia.slg.br/index.php/entropia/article/view/386