APRESENTACÃO

DOI:

https://doi.org/10.52765/entropia.v8i15.513

Resumo

Em 8 de janeiro de 2023, o Brasil assistiu assombrado o avanço da turba que ao destruir o Congresso, o Planalto e o STF buscava destruir a própria democracia brasileira. Nós, do Laboratório de Movimentos Sociais e Mídia (LMSM) que controla a revista Entropia publicamos nota nas redes sociais condenando a ação golpista e defendendo a manutenção do governo eleito do presidente Lula.

Escrevemos: “Em 1985, após 21 anos de trevas, arbítrio, violência estatal e graves violações dos direitos humanos, o Brasil retomou os rumos do processo de democratização, brutalmente interrompido pelo golpe civil-militar de 1964.

A Constituição de 1988, ainda que com limitações, reforçou esse compromisso com a democracia e fundamentou as bases da Nova República – processo em franca deterioração desde 2016.

Com a vitória eleitoral do Sr. Jair Messias Bolsonaro, aprofundou-se a ameaça contra o Estado Democrático de Direito. Aliás, desde que tomou posse, o presidente vem manifestando diuturnamente o seu desprezo pelos princípios mais elementares da vida democrática.”

E terminamos com um chamado aos nossos parceiros: “Nós do LMSM nos posicionamos na defesa da democracia no Brasil. Não nos omitimos e não nos calaremos frente aos preparativos, cada vez mais nítidos, de uma nova aventura golpista, instaurando uma nova jornada de arbitrariedades, violência e terror.

A ciência jamais poderia se calar frente às sombras do irracionalismo e à impostura dos que dela se utilizam apenas como recurso retórico.

O LMSM conclama seus parceiros a uma firma posição contra o golpe e em favor da democracia.”

Um ano após  o triste episódio, o LMSM e a revista Entropia congratula-se com o povo brasileiro que ainda pode respirar a liberdade democrática.

Nessa edição teremos o artigo de Alexandre Camargo e Katia Ramos que analisam um momento marcante para explicar o avanço da extrema-direita no país: as jornadas de junho em 2013. No texto procuram rediscutir conceitos sociológicos que permitam melhor compreensão do papel dos atores envolvidos naquele evento.

Patrício Dugnani analisa um fenômeno criado pela expansão das redes sociais: os influenciadores digitais. Tendo como referência a produção da Escola de Frankfurt, o autor narra o processo de transformação da informação em mercadoria. Mercadoria percebida pelos influenciadores como entretenimento visando maior capacidade de absorção de lucros.

Marta Freitas, Elaine Nascimento e Adriana Pérez  buscam analisar a que interesses o modelo prisional atende? Discute qual o propósito do surgimento do moderno modelo prisional. Utilizam em sua análise autores, como por exemplo, Foucault, Wacquant Loic e Baratta Alessandro, entre outros.

Felipe Santos e Rogério Ferreira de Souza analisam o processo de construção dos equipamentos esportivos visando os dois megaeventos esportivos que marcaram o Brasil e, em especial, o Rio de Janeiro: a copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. O pressuposto básico do texto parte da premissa da nova rearticulação do capital internacional que vê nos megaeventos a transformação da própria cidade em mercadoria garantindo a circulação dos investimentos e a reprodutibilidade do capital.

Afranio de Oliveira Silva e Breno Henrique Seixas analisam a série documental  Doutor Castor, apresentada pela Globoplay em 2021.  Mostram os laços entre a contravenção e o aparato do estado e a desenvoltura com que Castor de Andrade transitava entre os bastidores esportivos – foi patrono do Bangu e levou o clube ao vice-campeonato carioca de 1985 e ao vice do brasileiro de 1985 – e políticos. O uso do samba e do carnaval servia para amenizar o impacto da violência gerada por suas ações ilícitas.

Henrique Diaz Nazareth, Aline Vitória Santos e Fabricia Osanai Pires rebatem o argumento neoliberal que vê a escola pública como falida e a escola privada como fonte de toda qualidade e eficiência na educação. Analisam a leitura de três jornais brasileiros que defendem o voucher e as escolas charter na educação. Os autores mostram essa estratégia como uma forma de privatização da educação no país.

Regina Monteiro e Fernando Cardoso discutem a oposição de setores conservadores ante Paulo Freire. Discutindo as falas do Escola Sem Partido e de outros movimentos, os autores assinalam que não são críticas pedagógicas se contrapondo a Paulo Freire, mas sim falas ideológicas desprovidas de embasamento pedagógico.

Lilian Gomes e Patrícia Lanes refletem sobre espaços de memórias nas áreas urbanas e no processo de reflexão sobre a desmonumentalização em curso. Partindo do caso do monumento de Borba Gato refletem um conjunto de objetos, imagens e eventos sobre Marielle Franco e Marighella.

Newvone Ferreira da Costa procura analisar o cotidiano do cárcere apontando que o encarceramento é bem mais que afastar os infratores de delitos do convívio com a sociedade. Para a autora, a prisão é um misto de insalubridade com um  aspecto degenerado. O concreto dos muros e ferro das grades e portões se fundem e delineia um espaço frio, sem qualquer menção de ter sido construído para a recuperação, apenas afastamento. Para ela é preciso pensar o encarceramento como uma forma de ressocialização dos presos.

Marco Antonio Rossi resgata Charles Fourier nos lembrando da originalidade do pensador francês que desvela as condições miseráveis nos bairros operários criticando um modelo de sociedade que tudo e todos transforma em mercadoria vendida a um preço baixo no mercado. Para o autor é necessário recuperar a dimensão utópica de Fourier na construção de uma sociedade pautada pelo socialismo.

Celeste Anunciata Moreira discute a junção assistência e justiça como caminho para a  proteção à infância e adolescência. A autora realça ser esse o caminho brasileiro para a ampliação de direitos neste campo. Para a autora, o texto busca discutir  alguns elementos deste tema na contemporaneidade, tendo como eixo referencial, o  Estatuto da Criança e do Adolescente.

Paula Pamplona e Jean-François Yves Deluchey buscam problematizar a naturalização de práticas empresariais que negam a existência de relações trabalhistas entre as plataformas digitais e seus prestadores de serviço. Considerando o peso do discurso neoliberal no interior da sociedade brasileira e sua reprodutibilidade na mídia empresarial, os autores apontam que o mito da uberização é legitimado no Brasil a partir da influência social, por meios jurídicos e legais, para justificar lógicas atreladas a autonomia do trabalho, pelo empreendedorismo de si mesmo.

Luana Forlini apresenta a resenha do livro organizado por Angela Lazagna e Tatiana Berringer, “ A atualidade da teoria política de Nicos Poulantzas” publicado pela editora da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Convidamos nossos leitores não somente a ler a edição, mas também a divulgá-la e a recomendar os artigos para seus parceiros de pesquisa.

Boa leitura.

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Publicado

06/02/2024

Como Citar

APRESENTACÃO. (2024). Entropia, 8(15), 03–05. https://doi.org/10.52765/entropia.v8i15.513

Edição

Seção

Apresentação